Diante do alarmante número de suicídios entre os povos indígenas de Mato Grosso do Sul, o governo estadual implementou o programa “Inspira Jovem”. A iniciativa tem como foco principal a promoção da saúde mental, especialmente entre os jovens, oferecendo suporte e estratégias de prevenção dentro das comunidades.
De acordo com o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) com dados de 2023, foram registrados 180 casos de suicídio entre indígenas no país. O Amazonas liderou com 66 ocorrências, seguido por Mato Grosso do Sul (37) e Roraima (19). O levantamento ainda revelou que mais de um terço das vítimas tinham até 19 anos, evidenciando o impacto da crise sobre a juventude indígena.
No estado sul-mato-grossense, dos 37 casos registrados, 28 eram homens e 9 mulheres. No cenário nacional, a proporção se manteve semelhante, com 125 homens e 55 mulheres entre as vítimas.
Fernando Souza, subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários de MS, aponta que o maior número de casos de suicídio, além de problemas como alcoolismo e uso de drogas, está concentrado em aldeias próximas a centros urbanos, como Dourados – município que abriga a maior população indígena em área urbana do Brasil, com cerca de 20 mil habitantes.
Apesar dos desafios enfrentados na área da saúde mental, o programa Inspira Jovem foi oficialmente lançado na última quinta-feira, em Nioaque. A proposta é fortalecer a identidade e autoestima dos indígenas, reforçando a importância da comunidade e do pertencimento.
No entanto, a realidade traz obstáculos, como a escassez de profissionais especializados. Em Dourados, por exemplo, há apenas três psicólogos para atender as aldeias locais, enquanto Nioaque precisa recorrer aos serviços de Aquidauana para suprir essa demanda.
A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Governo Federal, é responsável pela assistência à saúde dos povos indígenas. Segundo Souza, há um esforço contínuo para ampliar a rede de atendimento psicológico, e a expectativa é de que novos profissionais sejam incorporados ao sistema ainda este ano, garantindo um suporte mais eficaz às comunidades.
O programa, iniciado por Nioaque, será levado a todas as aldeias do estado ao longo do ano, sendo realizado durante assembleias comunitárias para fortalecer os laços culturais e oferecer acolhimento aos jovens indígenas.
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